Cidades isoladas, 2020

Ruas, avenidas e vielas. Entre encontros e desencontros, curvas e esquinas, subidas e descidas, se delineiam os vários traços que geometricamente formam a urbanidade. E a cidade? Essa é desenhada por pessoas. Cada um que transita pelo espaço da cidade deixa um rabisco permanente que constitui um rascunho coletivo. Uma obra para sempre inacabada, enquanto existir o movimento e o vaivém das vidas. Um desenho público, repleto de enigmas, como bem disse Ítalo Calvino: “De uma cidade, não aproveitamos as suas sete ou setenta e sete maravilhas, mas a resposta que dá às nossas perguntas”(Cidades Invisíveis, 1990, p. 42). É na cidade que nos descobrimos. Em tempos de pandemia, sobrepondo fotografias da minha casa às das ruas de Florianópolis, me propus a criar minha cidade isolada. Pintei e desenhei minhas paredes com estes fugazes traços coletivos que agora me são íntimos. Confusões imagéticas, rabiscos de pertencimento.